CUIDADOS AO PRATICAR ESPORTES

Cuidados básicos com o coração para a prática de exercícios físicos em altitude

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Escrito por Dr. Carlos Scherr   
Qua, 03 de Fevereiro de 2010 09:38

stockxpertcom_id242611_jpg_74676d0a2e249ca407ea1a77fe784d83Várias mudanças fisiológicas ocorrem no organismo nas "alturas". Os sintomas vão desde dor de cabeça (a alteração mais comum) a náuseas, vômitos, insônia, cansaço generalizado, edema agudo pulmonar, e até a morte, e podem surgir já no primeiro dia.

A partir de 230 metros acima do nível do mar, o organismo faz automaticamente rápidos ajustes para compensar a menor densidade do ar, que é proporcional à altitude, à menor pressão barométrica e à menor pressão parcial de oxigênio. Ninguém conseguiria morar de modo permanente em locais situados acima de 5.000 metros, e mesmo quem pratica alpinismo usa equipamento de oxigênio nessas altitudes. Por isso, em lugares altos precisamos sempre de um período para a aclimatação, que deve ser progressiva.

Nos primeiros dias, os exercícios físicos são proibidos, principalmente para os cardíacos. Mesmo depois disso, a capacidade física permanece reduzida: a adaptação apenas facilita o ajuste a maiores elevações. São necessárias cerca de duas semanas para total adaptação a altitudes de até 2.300 metros e daí para a frente uma semana a mais para cada 600 metros adicionais, até 4.600 metros. De volta ao nível do mar, essa capacidade é perdida após duas a três semanas e novo período de adaptação será necessário na próxima viagem a lugares altos, sobretudo para a prática de exercícios vigorosos.

Ajustes constantes são prejudiciais ao coração sob vários aspectos: nos lugares altos, o sangue concentra menos oxigênio, a frequência cardíaca aumenta, pode haver perda hídrica por evaporação, o que leva a uma desidratação moderada, e a frequência cardíaca máxima (número máximo de batimentos cardíacos por minuto) diminui. Portanto, pacientes coronarianos, hipertensos, com doenças valvulares moderadas a graves ou insuficiência cardíaca devem evitar altitudes superiores a 2.000 metros e, principalmente, jamais realizar exercícios físicos nesses lugares.

Algumas medidas, porém, podem ser tomadas: adaptar os remédios para pressão aos níveis de pressão do lugar, fazer uma ascenção gradativa, tomar líquidos para evitar desidratação, adotar alimentação pobre em sal e rica em carboidratos, evitar todas as comidas gordurosas, que podem diminuir ainda mais a saturação de oxigênio.

Na montanha, mesmo quem não sofre de doenças cardíaca expõe-se a situações graves, como edema pulmonar de grandes altitudes, que atinge até mesmo adolescentes entre 10 e 20 anos de idade quando sobem rapidamente a altitudes superiores a 2.700 metros e fazem exercícios vigorosos antes de terem passado pelo período de aclimatação. Isso acontece em 6,4% de jovens com menos de 21 anos e em 0,4% acima de 21. O paciente deve ser imediatamente reconduzido a um lugar de altitude mais baixa ou receber altas concentrações de oxigênio (ou as duas coisas ao mesmo tempo), o que reverte o quadro em menos de 48 horas.

Pessoas que habitam lugares elevados e que já estão com esse mecanismo equilibrado também podem sofrer uma perda passageira de sua adaptação depois de terem passado algum tempo ao nível do mar. O grau de condicionamento não garante proteção permanente contra os problemas cardíacos decorrentes da altitude. Além disso, nem todos chegam ao mesmo nível de adaptação.

 

 

 

 

Água durante o exercício: importante, mas sem exageros

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Escrito por Dr. Jomar Souza   
Qui, 29 de Abril de 2010 15:10

77006345_360x360Nosso corpo é constituído na maior parte por água: no adulto, cerca de 65 a 70% do corpo. Portanto, não é difícil entender que ela, a água, é um elemento essencial para nossa sobrevivência. Dificilmente conseguiríamos passar alguns dias sem beber uma gota sequer. Ela também é essencial para a prática de exercícios físicos, e sempre somos estimulados a ingerir uma quantidade adequada para nossa hidratação. O problema acontece quando exageramos.

A água absorvida pelo nosso organismo é o diluente de várias substâncias necessárias para o funcionamento dos órgãos e sistemas. Basta lembrar que a hemoglobina, aquela parte da célula sanguínea chamada hemácia, é quem leva o oxigênio para cérebro, coração, músculos e outras partes. E esse transporte é feito pelo sangue que possui uma alta concentração de que? Água!

No sangue também são encontrados outros elementos vitais: proteínas, glicose, potássio, cálcio, magnésio e sódio, dentre outros.

Se ingeríssemos água acima do necessário para mantermos o funcionamento normal do nosso corpo, inclusive durante os exercícios, estas substâncias se tornariam muito diluídas, chegando aos órgãos e sistemas numa quantidade menor.

O sódio, por exemplo, tem papel fundamental nos processos de contração muscular (inclusive do músculo cardíaco, o miocárdio) e na condução dos estímulos elétricos necessários ao funcionamento do nosso sistema nervoso e do próprio coração. A hiponatremia (nome técnico que indica a diminuição da quantidade de sódio no sangue) poderia causar arritmias cardíacas severas levando, lógico que em casos extremos, ao colapso do sistema circulatório e morte.

O primeiro sinal de hiperidratação é o ganho de peso durante os exercícios. Nosso suor é produzido para controlar o aumento da temperatura corporal gerado principalmente pelo processo de contração muscular. Se o indivíduo ingere uma quantidade de água aquém do perdido pela sudorese, ele se desidrata. Consequentemente, o peso ao final da atividade física é menor. Quando esta mesma pessoa ingere água acima do necessário, seu peso aumenta, o que significa um estado de “hiperidratação”.

É por isso que a balança, amada por uns e odiada por outros, é tão importante nos locais onde se desenvolvem atividades físico-desportivas. No momento que você termina sua sessão de exercícios e seu peso está mais baixo, não pense que é por causa da redução de gordura. Você perdeu água e precisa repor esta perda.

Digamos que uma mulher de 60Kg, após 1 hora de caminhada, esteja agora com 59,5Kg. O que teria acontecido? Ela perdeu 500g de líquido, basicamente. Em linhas gerais, ela deveria ingerir 500mL de água mais cerca de 25%, o que daria um total de 625mL. Ingestões acima desse limite poderiam gerar a hiperidratação.

Mas vamos com calma e nada de deixar de beber água. A hiperhidratação é muito rara em comparação com a desidratação, mesmo quando aquela regrinha acima é ultrapassada. Além disso, a hiperidratação é mais comum nos eventos de ultra-resistência, como o Ironman e as ultra-maratonas. Dificilmente nós, "pobres mortais", vamos atingir este ponto.

Portanto, vale à pena lembrar duas frases famosas: "a virtude está no centro" e "a diferença entre o veneno e o remédio está na dose".

Continuem bebendo água, mas não custa dar uma olhadinha na balança!